É impressionante a postura corporativista do presidente do Sindicato dos Médicos, João Gouveia. Em qualquer situação em que um médico esteja envolvido, ele toma posição sempre favorável à sua categoria, deixando bem claro para toda a população paraense que a seu ver, médico não erra, médico nunca tem culpa, médico é um coitadinho.
No episódio das crianças que morreram à porta da Santa Casa, no mês passado, depois de seus pais passarem uma verdadeira "via crucis" por dois hospitais, Gouveia, sabedor que a médica que não atendeu à mãe em situação de parto, havia sido levada à delegacia pelos Bombeiros que transportavam os pais das gêmeas, no outro dia convocou imediatamente a categoria médica, que bastante unida, fez manifestações em vários pontos da cidade, com muito protesto verbal e nas faixas e cartazes que conduziam. Quem presenciou até pensou que era greve de trabalhadores braçais, tanto era o entusiasmo e a revolta dos manifestantes. A faixa mais simples levava a seguinte frase "Médico não é bandido", embora no episódio ninguém tenha se manifestado para atingir a classe médica. Mas aproveitando a frase da faixa, o escriba diz: "É verdade, Dr. Gouveia. Bandida é a população. Médico é santinho!
Agora, com a decisão da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, que instaurou inquérito civil para apurar suspeitas de que médicos estão priorizado consultas particulares em detrimento de atendimentos de convênios com planos de saúde, o mesmo João Gouveia, titular do Sindicato dos Médicos, já anunciou que a categoria vai às ruas novamente com faixas e cartazes, além das tradicionais palavras de ordem, no sentido de repudiar qualquer ação contra a ao que parece intocável categoria de médicos.
À Imprensa, o ao que parece insensível João Gouveia diz: "A promotoria está equivocada e também não está levando em consideração uma coisa : o médico não é servidor público, mais sim, um profisional liberal. Ele tem direito de escolher a quem ele quer atender". Ou seja, na avaliação do presiente do Sindicato dos Médicos, João Gouveia, o médico, se assim o desejar, deixa quem ele quiser morrer à míngua. Aí vai para o beleléu o "Juramento de Hipócrates" e outras obrigações sociais, humanas e até sentimentais que os homens de branco, com certeza têm como comromisso em sua importante profissão.
Bastante irritado com a decisão da Promotoria, e mostrando que médico quando quer tambem sabe fazer barraco, Dr, João Gouveia já garantiu que no próximo dia 21, na passeata dos médicos, a categoria vai participar em peso, inclusive com faixas e cartazes, fazendo o enterro simbólico dos planos de saúde, que segundo o sindicalista, pagam míseras taxas por consultas.
Acho que a greve é um direito de qualquer trabalhador, embora tenhamos que reconhecer que o médico é um trabalhador privilegiado, com bons salários, bom ambiente de trabalho, a meu ver com pouca coisa a reclamar, embora a máxima diga que "quanto mais se tem, mais se quer". Se acha que está ganhando pouco reivindique, com responsabilidade e com compromisso, mas protestar ao ponto do líder da categoria dizer que "médico atende a quem quer", aí é complicado, porque muitas vidas podem ficar em jogo. E sendo assim pode esperar: muitos pobres poderão morrer por falta de assistência.
Por via das dúvidas, o escriba dá um aviso aos navegantes: Façam o possível para não adoecer no dia 21, porque os médicos vão estar em greve geral. Aí vai ser "salva-se quem eles quiserem". Não é Dr. Gouveia?
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