Mosaico com momentos do Festival da Record de 1967. |
No final desta semana, revi pela terceira vez, o belíssimo documentário "Uma noite em 67", da dupla de diretores Renato Terra e Ricardo Calil. Desta vez atentei mais para ver e ouvir, além das belíssimas músicas que se eternizaram na memória dos brasileiros, os interessantes depoimentos de criticos e atistas, como Sérgio Cabral, Gilberto Gil,Caetano Veloso, Edu Lobo e do compositor Sérgio Ricardo, o homem que jogou o violão na platéia.
A película, além de revelar através da perfeita pesquisa dos dois cineastas com talento e até genialidade, a construção de alguns fenômenos singulares que traçam os festivais de música, que tiveram início
a partir de 1965, mostra também o lançamento das novas estrelas da canção popular e o movimento iniciado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, o Tropicalismo.
A apresentação e o consequente julgameno das cinco finalistas e mais a de Sérgio
Ricardo, que não conseguiu cantar por causa das vaias, o que fez com que o artista autor de "Beto bom de bola" acabasse por arremessar seu violão em cima da plateia frenética.
"Uma noite em 67", nos intervalos, exibe as entrevistas com artistas com os tímidos Roberto Carlos e Chico Buarque, que já eram astros de sucesso, Caetano Veloso, muito ativo e falante e um Gilberto Gil, na época, já meio filósofo, onde pode-se perceber os importantes resgates de uma época, em que o público tinha uma grande e importante participação: aplaudindo, vaiando, cantando as letras das músicas, inclusive com torcidas organizadas.
O escriba anotou alguns rápidos depoimentos, que achou marcantes: O do diretor do Festival, que sabedor que Gilberto Gil não iria se apresentar por estar embriagado, foi em seu apartamento, onde encontrou a companheira de Gil, Nana Caymi, que ajudou o diretor a dar uma bom banho no baiano que o deixou "inteiro" para se apresentar e ganhar o segundo lugar; Do jurado Sérgio
Cabral, que confessou na época ter sido contra as guitarras elétricas lançada pelo
Tropicalismo, mas que hoje acha "Alegria e Alegria", de Caetano, a quarta colocada, como "uma das mais belas letras da música brasileira; de compositor Sérgio Ricardo, protagonista do lançamento do violão na platéia e que deixou o legado de uma das melhores manchetes do jornalismo brasileiro: "Violada no auditório"; De Roberto Carlos, que soltou a piadinha: "Edu Lobo não vai cantar "Ponteio", se vencer o Festival. É porque Sérgio Ricardo jogou seu violão na platéia; De Caetano Veloso, que quando ouviu Rita Lee e os Mutantes, decidiu arrepiar e levar os jovens para acompanhar-lhe com suas guitarras cantando "Alegria, Alegria", de Gilberto Gil, que confessou antes da decisão final, que se fosse jurado votaria em "Roda Viva", de Chico Buarque e de Edu Lobo, que proferiu uma frase que muito bem define a concorrência dos astros nos festivais: “Nós éramos os cavalos de
uma corrida e o que importava era chegar na reta final”.
"Ponteio", de Edu Lobo e Capinam, foi a primeira colocada. Gilberto Gil, com "Domingo no Parque", ganhou o segundo. Em terceiro veio "Roda Viva", de Chico Buarque. A mais aplaudida pelo público, "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, foi a quarta colocada e em quinto lugar, Roberto Carlos com "Maria, Carnaval e Cinzas", de Luis Carlos Paraná. "Uma Noite em 67" é um belo filme. Vale a pena ver a histórica fita de Ricardo Calil e Renato Terra.
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